Investimento em infraestrutura: por que agora?

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Introdução

No setor de infraestrutura, uma convergência de tendências — algumas nas quais os investidores estão focados há anos e outras mais recentes — deve continuar criando oportunidades de investimento em ativos de alta qualidade. 

Os acontecimentos recentes incluem uma enorme oportunidade de investimento em dados, o impulso global para a descarbonização e o fato de o setor midstream estar perdendo força devido a preocupações com ESG. Estes eventos estão se manifestando em meio a tendências de longo prazo, como a necessidade de investimentos significativos para atualizar serviços públicos antigos e a busca por soluções para a crescente dívida de governos do mundo inteiro.

Na Brookfield, nos concentramos em ativos de infraestrutura que constituem a espinha dorsal para os serviços essenciais que sustentam as atividades econômicas e sociais. Exemplos notáveis incluem transmissão e distribuição de eletricidade, distribuição de água, sistemas midstream, portos, ferrovias e estradas, e redes de comunicação e de dados.

Por sua natureza essencial, esses ativos geralmente geram fluxos de caixa estáveis e seguros, proteção contra tendências de baixa (downside protection), diversificação de outras classes de ativos, proteção contra inflação e equilíbrio de balanço de longo prazo. Por se concentrar em ativos operacionais essenciais, uma estratégia de infraestrutura deve ser resiliente na maioria dos ambientes econômicos. Embora acreditemos que o investimento em infraestrutura seja atraente para investidores em diversas condições de mercado, o cenário atual parece estar particularmente repleto de oportunidades. 

Imagem 1: Os EUA têm passado por inúmeros apagões de eletricidade

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Fonte: 2017 Eaton Blackout Tracker.

Envelhecimento dos serviços públicos e ampliação da lacuna de financiamento

Continuamos a observar os operadores tradicionais de ativos no setor de serviços públicos buscando fontes alternativas de financiamento. Suas necessidades de capital são significativas, à medida que precisam substituir os ativos operacionais mais antigos e satisfazer as metas de descarbonização. 

O estado da rede elétrica dos EUA ressalta o envelhecimento dos ativos de infraestrutura em geral. De acordo com o Relatório de Infraestrutura de 2021 da Sociedade Americana de Engenheiros Civis, 70% dos sistemas de transmissão e distribuição de eletricidade já estão na segunda metade da vida útil.1 Como resultado, o país passa por inúmeros apagões que afetam um grande número de clientes (ver Imagem 1). Nos EUA, várias operadoras de serviços públicos ainda são estatais administradas pelos governos federal, estadual ou municipal. 

Esses desafios surgem em um momento em que as economias desenvolvidas encontram-se com níveis historicamente elevados de dívida, uma tendência que precedeu a pandemia e a paralisação econômica global associada a ela. Dados demográficos insatisfatórios, entre eles o encolhimento e o envelhecimento da população, a expansão dos programas de seguridade social e um período prolongado de taxas de juros baixas incentivaram a contração de empréstimos que levaram a déficits governamentais inéditos nos EUA e em muitos países da União Europeia (ver Imagem 2).

Imagem 2: Os governos enfrentam déficits orçamentários crescentes

Deficit governamental (US$ trilhões)

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Fonte: Departamento do Tesouro dos EUA, Escritório de Orçamento do Congresso, Fundo Monetário Internacional, Banco de Dados da Perspectiva Econômica Mundial, outubro de 2020.

Digitalization

Data is the world’s fastest-growing commodity. The total amount of data generated globally doubles every 18 months.1 This data needs to be stored, processed and transferred over wireline and wireless networks for routine consumption, driving demand for storage (data centers) and transmission assets (fiber networks and towers), all requiring significant infrastructure investment.

With the rise of AI, rapid development of related technologies will affect the operations of many critical infrastructure assets and industries. Data centers, for example, will be needed to provide the infrastructure to store and transmit the proliferation of data supporting AI tools. To put this in context, recent analysis shows that a simple ChatGPT query takes three to 36 times more energy than a similar Google search, reinforcing the impact AI innovations will have on one part of the infrastructure value chain.

Digitalization investment opportunities are wide-ranging across the infrastructure universe (see Figure 3). These include the need to upgrade networks from copper to fiber to support faster speeds, more bandwidth and lower latency. An infrastructure buildout is also needed to support the rollout of 5G and new wireless solutions, such as new cell towers, as well as additional data centers to support the migration to the cloud.

Imagem 4: O 5G ajudará a impulsionar US$ 1,1 trilhão em investimentos em redes globais nos próximos cinco anos

Capex 2020–25

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Fonte: GSMA.

Digitalization is also driving investment opportunities in clean energy, particularly when it comes to powering all those data centers (see Figure 4). Technology companies are seeking to decarbonize their global energy supplies and reduce carbon emissions. As a result, we see significant opportunities to deliver additional renewable energy capacity within the U.S. and Europe, and beyond to Asia Pacific, India and Latin America to support tech companies’ growth aspirations and green energy commitments.

Imagem 3: Os ativos de infraestrutura dos EUA demandarão mais de US$ 2,5 trilhões em investimentos de 2020 a 2029

(Todos os valores estão em US$ bilhões)

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Fonte: Relatório de Infraestrutura de 2021, Sociedade Americana de Engenheiros Civis.

Decarbonization

With the global urgency to decarbonize, many governments and companies are setting the goal of net-zero emissions by 2050. Trillions of dollars in investment are needed to get there (see Figure 5). This is resulting in an outsized market opportunity in renewable energy sources. What’s more, the cost of renewable energy—particularly solar and wind—has dropped dramatically in recent years and is now lower than fossil-fuel generation in most markets. 

Imagem 5: As energias solar e eólica são agora as fontes de geração em massa mais baratas

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Fonte: Bloomberg New Energy Finance.

A pandemia, e a pressão sobre as finanças governamentais, tornaram essa questão ainda mais urgente.

Muitas operadoras de ativos tradicionais de infraestrutura enfrentam uma grande lacuna de financiamento para manter seus sistemas. Por exemplo, a Sociedade Americana de Engenheiros Civis estima que a lacuna de financiamento acumulada de 2020 a 2029 será de US$ 2,5 trilhões (ver Imagem 3).

Os governos podem enfrentar esse desafio basicamente de três maneiras fundamentais. Eles podem aumentar impostos, mas há um limite para a quantidade de receita adicional que isso pode produzir. Eles também podem recorrer ao setor privado para prestação de serviços. Ou podem vender ativos e usar os lucros para ajudar a reconstruir seus balanços. Como investidores privados, acreditamos que as duas últimas opções podem criar inúmeras oportunidades para quem tem experiência operacional e acesso a capital flexível em larga escala.

Figure 6: Trade Openness Peaked in 2008

Trade as a % of Global GDP

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Source: Kalsing and Millionis (2014); Penn World Tables (9.0)

As redes de dados demandam uma atualização maciça

A demanda por dados aumentou rapidamente, mais do que qualquer outra commodity nos mercados desenvolvidos e em desenvolvimento, e esse crescimento não mostra sinais de desaquecimento. 

Muitos desses dados ainda são transportados por redes obsoletas no mundo inteiro. Apesar de o setor de telecomunicações ter passado por uma enorme transformação da infraestrutura de backbone de cobre para a fibra óptica, essa mudança ainda precisa chegar à "última milha", ou seja, até a porta do usuário final, seja um escritório, uma loja ou uma residência. Para que o setor consiga atender às demandas cada vez maiores de capacidade e velocidade, serão necessários investimentos significativos.

Além disso, conforme o mundo avança na implantação do 5G, muitas outras torres de comunicação móvel e data centers serão necessários. Ao mesmo tempo, para financiar projetos de expansão, as empresas de telecomunicações estão vendendo participação em ativos que já atingiram a maturidade a investidores especializados em infraestrutura. Tais acordos permitem que as empresas de telecomunicações tenham acesso a operadores experientes, ao mesmo tempo em que proporcionam a esses operadores fluxos de caixa estáveis a longo prazo. 

Estimamos que serão necessários pelo menos US$ 1 trilhão em investimentos apenas nos próximos cinco anos para atualizar a infraestrutura de dados mundial (ver Imagem 4), o que representa um esforço gigantesco. 

Imagem 6: O gás natural continuará a desempenhar um papel importante na geração de eletricidade

O gás natural continuará a desempenhar um papel importante na geração de eletricidade

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Estimativa de geração de eletricidade por tipo de tecnologia em 2025

Impulso global para a descarbonização

O esforço mundial para desacelerar as mudanças climáticas tem gerado grandes oportunidades de mercado em fontes de energia renovável.

O consenso mundial é de que as emissões de carbono devem ser reduzidas em todos os aspectos da vida moderna. Continuamos a ver os governos se comprometerem com as metas de descarbonização, bem como o setor privado a estabelecer voluntariamente seus próprios objetivos. 

A boa notícia é que o custo da energia renovável, particularmente da solar e da eólica, caiu drasticamente nos últimos anos (ver Imagem 5). Chegamos a um ponto em que é possível fazer um investimento rentável em energia renovável sem o apoio do governo. 

A Goldman Sachs estima que serão necessários investimentos da ordem de US$ 16 trilhões até 2030 para limitar o aquecimento global a 2°C.2 Dada a magnitude dessas iniciativas de descarbonização, acreditamos que oportunidades significativas vão surgir para investidores com escala e experiência em soluções de energia limpa. Como o setor continua a amadurecer e atrair capital privado, acreditamos que também haverá amplas perspectivas de aquisição de ativos renováveis operacionais, com geração de fluxo de caixa.

Figure 8: U.S. Manufacturing Construction Spending Soars

Total Spending

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Source: U.S. Census Bureau, “Total Construction Spending: Manufacturing in the United States,” retrieved from Federal Reserve Bank of St. Louis, May 3, 2024

Oportunidades de investimento contrário nos setores de midstream e transporte

Dado o momento da transição global para atingir emissões neutras de carbono e da transformação necessária no mix de energia, os participantes do mercado perderam o interesse pelos ativos de energia midstream.

No entanto, como o processo até a conversão efetiva em uma plataforma renovável e sustentável continuará a exigir o uso de ativos midstream nos próximos anos, os combustíveis fósseis ainda terão uma participação importante no mix de energia no futuro próximo (ver Imagem 6). Eles ajudam a sustentar o crescimento das alternativas de energia de baixa emissão de carbono, como a solar e a eólica. 

Figure 9: Private Infrastructure Has Historically Increased a Portfolio’s Overall Return While Decreasing Risk

Risk/Return Spectrum

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Source: Bloomberg Global Aggregate Index; Burgiss Global Infrastructure Index; MSCI World Index. For the period January 1, 2013 through June 30, 2023. See endnotes 2 and 5.

Quando se trata de emissão de carbono, entretanto, nem todos os combustíveis fósseis são iguais. O gás natural polui muito menos e emite muito menos carbono do que o carvão e pode ser um complemento para um sistema crescente de energia renovável. O gás é fácil de armazenar e responde rapidamente quando não há vento ou sol, o que é essencial para evitar apagões. 

O gás natural está exposto à volatilidade de preços e, como resultado, a preferência dos investidores por essa fonte também tende a oscilar. Para evitar essa volatilidade, os investidores podem se concentrar em ativos altamente defensivos, contratados e estáveis, como gasodutos midstream ou instalações de liquefação e regaseificação de gás natural líquido. Essa volatilidade também pode oferecer oportunidades para os investidores privados acessarem o setor em momentos interessantes. Embora estes ativos possam ter uma vida útil finita, acreditamos que eles desempenharão um papel crucial na transição para as emissões neutras de carbono nas próximas décadas e podem apresentar uma oportunidade de investimento atraente. As redes de transporte de gás também poderão ajudar na emergência do hidrogênio verde e no sequestro de carbono no futuro.

Enquanto isso, a pandemia lançou um nível de incerteza sem precedentes sobre a indústria de transportes. As restrições às viagens em todo o mundo resultaram em menores volumes de passageiros e de mercadorias passando por aeroportos, portos e rodovias. É compreensível que os investidores tenham se afastado dessa classe de ativos por não saber quando a demanda retornará aos níveis anteriores à pandemia. Como a vacinação ainda está atrasada em muitos países, o cenário mundial para esse setor continua incerto.

No entanto, como proprietária e operadora de portos e rodovias pedagiadas, a Brookfield viu em primeira mão que esses ativos podem ter um bom desempenho em períodos de ruptura, mantendo os acordos contratuais em vigor. Além disso, considerando-se o sentimento negativo que cerca essa classe de ativos, acreditamos que possam surgir oportunidades para adquirir ativos de alta qualidade com precificação atrativa.

Figure 10: Infrastructure Has Historically Performed Well During Times of Market Uncertainty

Average Quarterly Returns During 10 Worst Quarters for Equity Markets

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Source: Bloomberg Global Aggregate Index; Burgiss Global Infrastructure Index; MSCI World Index. For the period January 1, 2013 through June 30, 2023. See endnotes 3 and 5.

Inflation mitigation

Infrastructure has proved to be an effective inflation hedge, and price volatility in recent years has demonstrated the advantage of such inflation mitigation (see Figure 11).

Returns of utilities, for example, are typically regulated and have some form of inflation mitigation and cost pass-through mechanisms. Other types of infrastructure can include single assets that have contractual provisions whereby revenues are indexed to inflation or operating businesses that have dominant market positions and can pass cost increases to customers.

Figure 11: Infrastructure Has Historically Performed as an Effective Inflation Hedge

Average Quarterly Returns During Periods of Above-Average Inflation

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Source: Bloomberg Global Aggregate Index; Burgiss Global Infrastructure Index; MSCI World Index. For the period January 1, 2013 through June 30, 2023. See endnotes 4 and 5.

Income

Operating infrastructure assets generally provide predictable long-term cash flows. These can translate to stable yields for investors.
 
Essential services included in infrastructure often offer protected recurring revenue with inflation indexing as regulated utilities or from long-term take-or-pay contracts.

Long duration

Finally, investing in infrastructure can offer attractive long duration exposure. Assets tend to have a long life and tend to be held for the long term in portfolios. These assets also tend to be financed with long-term fixed rate debt, reducing refinancing risk. One benefit of this is that market timing is less relevant than for other asset classes, so infrastructure assets can ride out the typical ups and downs of the broader market. 

Harnessing Infrastructure’s Tailwinds

Both public and private owners of infrastructure have struggled under the weight of balance sheet pressures and financial constraints that have limited their access to capital. These pressures are largely a result of elevated levels of sovereign and corporate debt, still elevated inflation (despite some moderation) and higher-for-longer interest rates. As a result, leverage loan issuance is down 60%, high yield issuance is down 50% and mergers & acquisitions activity is down 70% globally. 

While capital scarcity is a headwind for investments in existing assets and new project development, it is creating a buyer’s market for investors. And combined with strong tailwinds from global long-term trends, infrastructure offers a compelling opportunity for attractive returns and diversification in portfolios.

From an investor’s perspective, infrastructure assets have historically remained stable during periods of market volatility, making infrastructure a compelling asset class for all seasons. Institutional investors have taken note, and infrastructure assets among the nation's top 200 retirement plans were up 212% in the past five years to $72.1 billion, according to Pensions & Investments data as of Sept. 30, 2023. With all the tailwinds in motion, we expect these trends to accelerate over the long term.

While competition for infrastructure assets is increasing globally, managers that remain disciplined in capital deployment—and have the necessary resources, global scale and established sourcing and operational capabilities—should be well positioned to capitalize on attractive infrastructure investment opportunities in the years ahead.

Notas finais:

1. American Society of Civil Engineers, “2021 Report Card for America’s Infrastructure,” 2021. 
2. Goldman Sachs Equity Research, “Carbonomics: The Green Engine of Economic Recovery,” June 2020. 

Divulgações

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